EUA ameaçam reagir à condenação de Bolsonaro e Itamaraty responde

Marco Rubio disse que os EUA "responderão adequadamente a essa caça às bruxas".

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Publicado em 12/09/2025 às 06:41h - Atualizado 5 horas atrás Publicado em 12/09/2025 às 06:41h Atualizado 5 horas atrás por Marina Barbosa
Trump disse que resultado do julgamento de Bolsonaro era "muito ruim para o Brasil" (Imagem: Shutterstock)
Trump disse que resultado do julgamento de Bolsonaro era "muito ruim para o Brasil" (Imagem: Shutterstock)

O governo dos Estados Unidos ameaçou reagir ao julgamento que condenou o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) a prisão por golpe de Estado.

"Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas", disse o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em nota publicada nas redes sociais pouco depois da conclusão do julgamento de Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal).

Com um placar de 4x1, a Primeira Turma do STF condenou o ex-presidente brasileiro e sete de seus aliados por golpe de Estado e outros quatro crimes.

Apontado como o líder de uma organização criminosa que teria tentado dar um golpe em 2022, Bolsonaro pegou a maior pena do julgamento: 27 anos e 3 meses de prisão, além de 124 dias de multa (cada dia equivale ao valor de dois salários mínimos).

Veja aqui a sentença de cada um dos condenados pelo STF

Marco Rubio classificou a decisão como "injusta" e voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que foi o relator do processo e o primeiro a votar pela condenação de Bolsonaro.

"As perseguições políticas do violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam", escreveu o secretário americano.

Trump: "É muito ruim para o Brasil"

Antes da declaração de Rubio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já havia criticado a sentença de Bolsonaro e dito que o resultado do julgamento era "muito ruim para o Brasil".

"Estou muito insatisfeito com isso. [...] Muito terrível. Acho que é muito ruim para o Brasil", declarou Trump nas redes sociais, dizendo que considera Bolsonaro um homem "correto" e "muito notável".

Trump citou o julgamento de Bolsonaro na carta em que aplicou uma tarifa de 50% a produtos brasileiros. O governo americano também já suspendeu os vistos de ministros do STF e aplicou sanções ao ministro Alexandre de Moraes pela Lei Magnitsky.

A Lei Magnitsky prevê sanções como o bloqueio de bens e contas bancárias. Por isso, tem impactado as ações dos bancos brasileiros, sobretudo do Banco do Brasil (BBAS3), que tem Moraes como cliente.

Diante disso, há um temor no mercado de que os Estados Unidos apliquem novas sanções ou tarifas ao Brasil diante da condenação de Bolsonaro. O governo brasileiro, por sua, indicou que não vai se intimidar às ameaças.

Itamaraty reage

Em nota publicada nas redes sociais, o Itamaraty disse que "ameaças como a feita hoje pelo Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em manifestação que ataca autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia".

"Continuaremos a defender a soberania do País de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem", acrescentou.

O Itamaraty ainda aprovou o resultado do julgamento de Bolsonaro, dizendo que "as instituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo".

Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia dito que não teme novas sanções. Lula ainda indicou que pode reagir a eventuais punições americanas.

"É arrogância dele [Trump] não querer que a Justiça brasileira julgue alguém que cometeu um crime. O presidente de um país não pode ficar interferindo nas decisões de outro país soberano. Se ele vai tomar outras atitudes, é um problema dele", declarou, em entrevista à "Band".

Veja o post do Itamaraty: